Feitoria do Cacao
— desde 2015 —

FEITORIA DO CACAO · AVEIRONOSSO

Por si só, conquistar alguém não é tarefa fácil. Fazê-lo somente através do aroma emanado, eleva a conquista a um patamar de mérito difícil de igualar. Porém, é disso mesmo que se podem (e devem) gabar Susana Tavares e Tomoko Suga.

Ainda mal entramos na Feitoria do Cacao, ali mesmo na estrada de São Bernardo, e já o olfato nos implora que não abandonemos o local. O aroma a cacau invade-nos os sentidos. Os sacos de 50kgs, meticulosamente acumulados e distribuídos um pouco por todo o estabelecimento, constituem o derradeiro toque decorativo. Não nos apetece (só) comer chocolate como uns desalmados: queremos fazer isso e aqui ficar eternamente, num ambiente que varia entre o cenário do nosso sonho mais cor-de-rosa e o desejo indomável por doces. A realidade é esta, embora o sonho tenha começado muito antes.

Em 2014, aquando de uma viagem a S. Tomé e Príncipe, começaram a traçar o itinerário de vida em que hoje navegam. Pouco antes, Susana tinha ficado desempregada e era imperativo que, rapidamente, encontrasse novo ofício e redobrado alento. O chocolate foi uma ideia louca que Tomoko prontamente lembrou, baseada numa única premissa: conceber um produto que garantisse a felicidade do consumidor, ou pelo menos o seu sorriso mais genuíno. Depois de um curto período de experimentação à porta fechada, a Feitoria abriu ao público em Dezembro de 2015, apesar de grande parte do seu produto ser destinado à exportação. A visita é mais que obrigatória e justificada na plenitude pela experiência que proporciona.

A porta, essa, nem sempre está aberta: é que mesmo por baixo do pequeno espaço comercial, esconde-se uma pequena fábrica de chocolate, um verdadeiro deleite para quem tem Willy Wonka como herói de infância ou Charlie e a Fábrica de Chocolate como um dos filmes favoritos. Quando ambas se aplicam no fabrico do chocolate, é provável que o estabelecimento se encontre fechado, e aí, convém que se pressione a campainha. Com as incontáveis tarefas que a abertura trouxe, tempo é o elemento que mais têm aprendido a prezar e – com apenas 4 mãos a dividir por tarefas como fazer chocolate (internacionalmente premiado), gerir redes sociais, venda a público e coordenar encomendas – um luxo cada vez mais escasso.

No intervalo de um par de anos, passaram da entrada tímida numa área nova, à divisão de pódios com algumas das suas maiores referências na arte de fazer chocolate. Isso, a par dos constantes destaques na comunicação social e da base cada vez mais alargada de clientes fidelizados, é o maior atestado de competência que podem fazer à Feitoria e ao trabalho destas duas guerreiras, nunca intimidadas pela dificuldade em desbravar caminhos nunca dantes navegados.
Para além de ser o primeiro caso no país, a Feitoria é o único importador de cacau em território nacional. Chaves do sucesso? “Sensibilidade feminina”, dizem elas; muito trabalho, sabemos nós.

E apesar de todo o chocolate ser feito com o coração, há também muito de destreza e técnica. Para a aquisição dos conhecimentos necessários ao fabrico do mesmo, valeram-lhes os cursos disponíveis na Ecole Chocolat (Canadá) que frequentaram: Chocolate Making e de Chocolatier Profissional. Na distribuição de competências, ambas são céleres e sem rodeios. Susana identifica em Tomoko uma capacidade invulgar de conjugar ingredientes e assim conceber uma receita perfeita, sem recurso a utensílios ou instrumentos. Já Tomoko admite que é Susana a tecnicista do negócio: precisa, metódica e muito rigorosa.

Certo dia, decidiram enviar de volta o produto final – feito a partir de cacau proveniente de S. Tomé – a quem havia extraído a matéria-prima. Mais tarde, alguém perguntou aos trabalhadores a que saberia o chocolate que haviam justamente acabado de degustar. “A S. Tomé!”

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2018-01-02T09:47:31+00:00