
A “rivalidade” entre Ceboleiros e Cagaréus faz parte da história de Aveiro. Os primeiros, os da antiga Freguesia da Glória (a Sul do canal Central), eram os da zona nobre da cidade, e os segundos, da Vera Cruz (a Norte do Canal Central), os do popular bairro da Beira Mar, povoada maioritariamente por pescadores e marnotos. Desde o século XIX que é assim, mas as quezílias e as histórias têm-se esbatido com o tempo. Ainda assim, serviram de mote para a escolha do nome do restaurante dos irmãos Oliveira: “Os ceboleiros”.
A “estória” é contada pelo Fernando, que com o Carlos, o José e o António, são os proprietários do Ceboleiros. E tem particularidades incríveis, principalmente porque são naturais de Aguim, ali mesmo na Bairrada, e não de Aveiro. “O restaurante chama-se Ceboleiros porque não havia nenhum com esse nome e existia, do outro lado da cidade, o Cagaréu. Que, por estranho que pareça, tanto eu como o Carlos fomos funcionários desde a primeira hora, tendo, inclusivamente, o meu irmão comprado, depois, uma quota”.
A experiência dos quatro irmãos fala por si só. Todos eles, dois na cozinha e os outros dois na sala, trabalham no negócio desde sempre. Hotel Imperial, Cagaréu e Meta dos Leitões, foram a escola onde aprimoraram as qualidades e as valências que hoje fazem com que o Ceboleiros seja, na voz de Fernando Oliveira, um restaurante “de qualidade inegável”, a um “preço acessível”.
Os pratos de referência são alguns. Quem é de Aveiro percebe que o Bacalhau com Natas seja o mais vendido. Principalmente se acompanhar a história do mano Carlos, que foi do Hotel Imperial para o Cagaréu, locais onde nessa altura, o “petisco” era tão famoso que se faziam filas para o irem buscar e comer. Mas não é só. O Bacalhau também pode ser de Espinafres. A Cataplana à Alentejana. E, de autor, a Vitelinha à Cortador com Alecrim.
No entanto, nem só de comida se faz o Ceboleiros. Mas também de vinhos. A fama precede o espaço. Assim como a Bienal que realizam. A primeira edição, há oito anos, teve cerca de 70 vinhos à prova. A deste ano 120. E todos de produtores conceituados, ou não fosse Osvaldo Martins, um dos principais enólogos portugueses, um dos parceiros nesta iniciativa. E na calha está, também a cada dois anos, uma dedicada aos espumantes.