
No início do século XX, num mundo ainda obscurecido pela fumaça e fuligem industrial que preenchia a paisagem pós-vitoriana, nascia uma nova arte que revia na natureza a derradeira fonte de inspiração.
Corria o ano de 1904 quando, junto ao Canal central do Rossio de Aveiro, na Rua Barbosa Magalhães n.º 9, 10, desabrochou uma das mais emblemáticas construções portuguesas no estilo Arte Nova. A famosa Casa Major Pessoa.
A obra teve início dois anos antes, pela vontade do Major Belmonte Pessoa, abastado importador de cacau de Espinho, e pelo desenho do arquiteto aveirense Francisco Augusto da Silva Rocha em colaboração com o colega e amigo Ernesto Korrodi. O traçado original tinha apenas dois pisos e foi levado a cabo de acordo com a planta. Curiosamente acabou por ficar concluída com três, sendo que o último piso foi erguido para caber o segundo.
Brotam da profusa fachada os belíssimos lírios, girassóis e malmequeres talhados pela mão do mestre canteiro João Augusto Machado, envolvidos pela linha curva imanente que permeia a totalidade da obra. As paredes são azul celeste polvilhados com vibrantes painéis de azulejos do artista aveirense Licínio Pinto e produzidos pela Fábrica da Fonte Nova.
No rés-de-chão encontra-se a Casa de Chá, inaugurada em Março de 2012 pelas mãos de Ricardo Martins, com uma atmosfera inigualável que transporta de imediato o espírito da época a todos os sentidos, com sabores requintados que podem ser apreciados tanto no interior, como no pátio exterior junto do miradouro supino com vista para a Praça do Peixe.