
Com morada na encantadora Rua António dos Santos Lé, não só no número de porta A Fornalha se orgulha de ser o primeiro: o restaurante especializado em cozinha tradicional portuguesa está apetrechado com um forno a lenha, único na zona e elemento essencial para a confecção dos seus petiscos mais solicitados. O ilustre local – outrora morada de carros, motas e peças derivadas – ainda teve uma primeira vida como espaço dedicado à cozinha italiana.
E já lá vamos aos petiscos: antes, o mentor. Natural de Aveiro e nascido no Dia dos Mortos*, Joaquim Reis viu-se forçado a viver em Lisboa cerca de 10 anos, tendo depois regressado à cidade que o viu crescer.
Depois de trabalhar na Câmara Municipal, passou pela indústria da cerâmica (18 anos na Vista Alegre) e só mais tarde aterrou na paixão de sempre: a gastronomia.
Na Gafanha da Nazaré abriu um take-away, vendido algum tempo depois. Deixou a herança de uma gestão irrepreensível, para além do “Rapa o Tacho”, estabelecimento ainda hoje em funcionamento na localidade vizinha.
O convite para assumir a posição de ajudante de cozinheiro foi recebido de forma natural. No “Telheiro” deixou-se ficar sensivelmente um ano, onde ao conhecimento adquirido foi agregando uma vontade indomável de ter um espaço em nome próprio.
Entre ser colaborador e o ato de se fazer proprietário, o espírito empreendedor gritou mais alto. Joaquim Reis foi identificando numa antiga pizzaria – contígua ao local onde então trabalhava – potencialidades ímpares, capazes de fazer do local uma referência das rotas gastronómicas aveirenses.
Da ideia à prática, depressa tratou de alternar os ingredientes que davam entrada no mítico forno a lenha: substituiu a massa das pizzas pelas mais finas carnes e o requinte das lasanhas pela frescura do peixe proveniente da lota.
O resultado, assente num profícuo processo de experimentação, tem sido delicioso, para além de impressionante: caldeiradas mistas de peixe, cozido à portuguesa, chanfana, peixe assado, entre outros pratos capazes de maravilhar o palato do mais exigente dos fregueses.
Relatada assim, a tarefa até a nós nos parece fácil. Mas só o é porque foi efetivada por alguém que confessa “sempre ter gostado de comer”; quando amamos o que fazemos, tudo ganha outro sabor.